Por Dra. Charlini Hartz
A Variabilidade da frequência cardíaca (VFC), considerada um método de avaliação não invasivo, é utilizada para identificar a resposta de modulação do sistema nervoso autônomo (SNA), ou seja, o balanço entre o sistema simpático e parassimpático, a qual têm sido amplamente utilizada no monitoramento e prescrição de intervenções no esporte.
Para compreender melhor sua aplicabilidade, inicialmente é preciso entender que o sistema nervoso autônomo possui direta participação na regulação dos ajustes dinâmicos da frequência cardíaca e respiratória, bem como, no ajuste vascular periférico e pressão arterial sistêmica. De maneira geral, altos índices de VFC representam sinais de mecanismos autonômicos eficientes, os quais caracterizam um sistema saudável capaz de ajustar-se adequadamente aos estímulos internos e externos.
Em contrapartida, baixos índices de VFC demonstraram estar relacionados à um mau funcionamento do SNA podendo implicar em deficiências à saúde geral do indivíduo.
Bons marcadores de VFC mostraram ser associados ao melhor desempenho ematletas, assim como baixos índices foram associados à alterações negativas de sono, ansiedade, dor muscular crônica e pobre recuperação no esporte. Especialmente quando falamos de desempenho esportivo e prevenção de lesões, a manipulação adequada entre o estresse do treinamento e a recuperação após o estímulo permitem o aprimoramento do desempenho atlético, assim como garantem a prática saudável e com menor risco de lesões.
Este é um ponto de destaque da utilização da VFC no cenário esportivo, a qual através do monitoramento da integridade do SNA, permite que todos os profissionais envolvidos na preparação direcionem os ajustes de prescrição de intervenções e de cargas do treinamento, assim como permite a verificação da recuperação adequada do atleta. Estes fatores são determinantes para reduzir o risco de surgimento da fadiga excessiva, influenciando diretamente no melhor desempenho e redução do risco de lesões esportivas.
Claramente, a utilização desta ferramenta pode contribuir na identificação de fatores que podem estar associados à queda no desempenho e lesões crônicas, tornando-se um forte aliado na preparação adequada do atleta! Entretanto, sua aplicação deve ser direcionada por um profissional capacitado, seguindo todas recomendações de avaliação e prescrição.
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